terça-feira, 24 de maio de 2011

O SONHO DE ÍCARO

Para mim aqui agora tudo é estranho.
Tudo tem o cheiro azedo das coisas podres.
O mato cresce no quintal.
O jardim está estéril.
A última rosa nasceu há cinco primaveras atrás
E sua morte sentenciou também a roseira.
Aqui todos os sabores estão enlatados.
Quando quente, é quente demais.
E quando o frio chega congela todos os meus sonhos.
O sol não entra mais pelas janelas,
Impedido pela decoração de gosto duvidoso.
O quarto é uma câmara mortuária,
No seu centro uma urna funerária
Que sepulta os ossos de uma felicidade
Que jamais foi santa, e,
Enterra também todos os meus sorrisos.
A casa é um labirinto,
Por onde ando trombo com muros de dor,
Por onde o sofrimento, minotauro maldito,
Armado com sua lança de ignorância e estupidez
fere minha paz e sossego todos os dias, todos os dias...
E, nas noites, saí do seu covil o abutre solidão
Para devorar minha carne.
E, nas noites, antes que Morpheu me alcance,
Ergo os olhos para o céu e peço para Dédalo
Para que me de asas para voar,
Para que possa me erguer por sobre
As paredes deste triste labirinto.


... e quando adormeço,
Fecho os olhos sorrindo
(sem perceber)
Pois sonho com asas e vôos...
Sou livre... livre... livre...
E não sinto a primeira
Mordida voraz e feroz
Do maldito abutre em minha carne....

5 comentários:

Anônimo disse...

O que comentar Gilbertomeuzinho?!!!
Bjs.

Mayra Di Manno disse...

Ola Gilberto,
Saudades daqui!
Sempre maravilhoso.
um beijo,

Renan disse...

Muito bom o seu texto!
por acaso achei seu Blog e descubro que é um ótimo escritor.
muito boa suas intertextualidade!

Bella Zederixe disse...

Profundo... TOCOU meu coração chegou perto da ferida de minha alma e quando fui perceber que estava indo longe demais, repousei no sonho da solidão.

Bella Zederixe disse...

Profundo... TOCOU meu coração chegou perto da ferida de minha alma e quando fui perceber que estava indo longe demais, repousei no sonho da solidão.