sábado, 8 de novembro de 2025

Saudades da chuva


Eu sentirei saudades da chuva...

Do som da chuva...

Do cheiro da chuva

De quando ela cai na terra.

Eu sentirei saudades da chuva...

Do frescor do ar

Tocando a minha pele quente.

Da paz que suavemente

Navega por e através de

Minhas lembranças mais lindas.

Eu sentirei saudades da chuva...

Da umidade em todas as coisas,

Da umidade que brota em meus

Olhos quando nesses dias,

Deitado em nossa cama,

A escutar a chuva,

A cheirar a chuva,

Eu dizia: Eu te amo!

E tu me olhavas profundamente,

E delicadamente,

Me abraçava num convite de amor!

Eu sentirei saudades da chuva...

Da chuva...

DA chuva...

De fazer amor com voce, meu amor!!!

Com você, meu amor!

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

COMO UM RIO

  


Eu quero ser como o rio,

Como o rio que sonha com o mar,

Que contorna as barrancas

Sem se enroscar nos galhos secos

Ou em pedras verdes de musgo.

Como o rio que recebe em seu leito

O beijo do sol e das flores primaveris

Que caem das ousadas árvores

Que se debruçam sobre os barrancos

Para bisbilhotarem o rio, o rio que passa

Charmoso em seu ininterrupto andar.

Eu quero ser como o rio,

Como o rio que sonha com o mar,

A imensidão do mar,

A beleza do mar,

A profundidade do mar,

E, enquanto corre para o mar,

O rio canta a sua linda canção

Que fala de busca, de sonhos,

Uma canção que ensina a amar,

E declama em cada onda tímida

Poesias apaixonadas para o mar,

Para o mar...

Eu quero ser como o rio,

Como o rio que sonha com o mar,

O rio que todos os dias sonha em

Suas águas cristalinas no mar desaguar...

Em você desaguar...

Voce é meu mar...

Meu mar...

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

A FLOR DE TODOS OS MEUS DIAS

 

Colho seus dias

Como se colhesse flores,

E com elas,

Cada uma delas,

Enchesse um vaso de ouro

E o colocasse

Na mais bela prateleira

De todos os meus dias.

Sei que para uns é rosa,

Para alguns outros é jasmim,

Para mim, meu lindo amor,

És o meu lindo jardim!

E neste jardim,

Tem dias que és perfume.

Tem dias que és suavidade,

Tem dias que és cores,

Em todos os dias é flores,

Onde todos os meus amores

Encontram você!

sexta-feira, 6 de junho de 2025

REI MORTO...

 


        ...rei posto.

Em nenhum lugar como na cadeia essa expressão popular ganha força como nesse ambiente fechado na busca pelo poder constante – na cadeia, esse ditado ganha ares de novidade diária, ali sempre há um rei tombando e, no segundo seguinte, outro se ergue para tomar o seu lugar.

A cadeia não derrama lágrimas pelo que vai embora, a tristeza é elemento estranho nesses casos; cadeia não segue e nem conhece funerais de reis, e sim, celebra o surgimento do novo monarca que se levanta sobre os escombros da queda do antigo imperador.

Tudo é muito simples e facilmente administrado pelo lugar, ao que cai, o esquecimento; ao que se levanta, o poder e toda a sua rica periferia.

E o que se eleva o faz do meio do populacho, geralmente fazia parte do antigo séquito, não existe escrutínio ou eleição aparentes – algumas vezes, quando existe tempo, o rei que se vai coroa o rei que vem, quando não o há, o séquito se reúne e aponta o sucessor que é arrancado das entranhas da plebe.

Do mesmo jeito que as elegias de despedida são descartáveis, não há para o que ascende um ritual de coroação ou um decreto que o estabeleça, no momento seguinte à queda, ao abrir o sol da cadeia, o novo rei se senta em seu trono (um puf velho e desbotado) e pronto – ele é quem manda, os ninjas agora são dele e a população carcerária do pavilhão seus súditos.

De modo geral, nada muda, nada se aperfeiçoa, é mais do mesmo, o que se fazia antes, será feito agora, ele seguirá a mesma cartilha que foi escrita pelo seu antecessor e por toda a dinastia antes deles, alimentará a matilha com o fruto da corrupção diária do lugar que são arrancados das mazelas humanas estabelecidas dentro da cadeia: drogas, poder, lascívia e dinheiro, as sementes do diabo que fazem os homens aos montes se perderem rumo ao inferno.

No segundo que antecede a assunção ao poder do novo rei, neste casulo imediato uma metamorfose ocorre e chama a atenção pela rapidez e pelo extraordinário, a humildade do homem que foi servo escapa por um ralo qualquer e o que emerge é um novo rei arrogante e autoritário.

E a cadeia segue seu fluxo de rotinas engessadas, vidas enclausuradas, perspectivas limitadas ao hedonismo que tem como seu maior expoente e protagonista o “voz”, o rei do lugar... até que outro tome o seu lugar... e outro... e outro....

sábado, 10 de maio de 2025

SE FOSSE HOJE A ULTIMA NOITE DO BODE DO GAÚCHO...

 

... o que faria ele, se ele o soubesse?

Sentaria na relva e olharia para as estrelas,
contaria cada uma delas em
meio as reminiscências de toda a sua vida?
Chamaria as ovelhas para um bate-papo
e conversariam algumas banalidades,

E, depois de algum tempo,

Filosofariam sobre a existência fugaz?

Mergulharia em debates sobre o
que vem depois da morte
sem relatar para os demais que
no dia seguinte,
naquelas mesmas horas,
ele mesmo seria apenas uma memória?
Buscaria algumas ovelhas

E pediria perdão por alguma coisa

Que por ventura tivesse feito?
Mandaria aviso para um velho bode

Que hoje residia em um outro pasto,
e diria para ele que “sentia muito”

Por ter tomado o seu espaço
naquele lugar onde agora vivia

Seus últimos instantes de vida?

Se entregaria para Cristo?
Buscaria em Jesus a paz que

Agora insistia em lhe fugir?
O que faria o bode do gaúcho

Se ele soubesse que essa

Seria a sua última noite?
Entenderia, finalmente, que tudo

Aquilo que desprendeu tempo

E recursos vitais, agora,
no fim, era tudo trivialidade?

Entenderia que a sua vida teria

Sido mera banalidade?
Se não houver amanhã,

O que é a nossa vida?
Esta é a última noite
do bode do gaúcho...

... e morrer não é o maior drama...

... não estar preparado...

Ah! Essa sim é a grande tragédia!

Esta é a última noite do bode do gaúcho...

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Breve conversa entre presos no banho de sol

 

- Vejo você sempre lendo a Bíblia...

- Leio...

- Por que lê tanto?

- Porque é a Palavra de Deus entendeu?

- Hum... hum...

- E a Palavra fala com a alma da gente...

- Hum... hum...

- ... cabe ao homem ouvir... ou não...

- É...

- Eu prefiro ouvir!

- Mas você continua aqui... o que mudou com isso?

- Tudo!

- Como? Como mudou? Como pode ter mudado se voce continua preso?

- Meu corpo sim! Temporariamente preso... mas a alma está livre!