quinta-feira, 29 de outubro de 2009
PARA A BELA E ESTRANHA GAROTA...
A bela garota sorriu,
Jogou o sedoso cabelo para o lado,
Levantou-se subitamente e...
Partiu!!!
Não nos disse aonde ia...
Não nos contou seus sonhos...
(nem ouviu sequer os nossos!)
Não nos deixou seu endereço,
Uma pista qualquer,
Que nos mostrasse,
Que nos indicasse... Ela!!!
Só o que ficou foi seu cheiro,
Sei cheiro inebriante de fêmea e
Seu sorriso cálido,
A nos assaltar a todo instante,
Mexendo com nossos sentidos.
Queira Deus que o tempo
Em seu poço profundo
(sem fundo!!!)
Engula sua visão e as
Memórias instigantes
Que a bela garota nos deixou.
Por ora,
O que nos sobra e nos atormenta,
É essa grandiosa sensação de perda.
Perda de algo que não foi nosso,
Que sequer conhecemos realmente,
Contudo, vive em nós,
Como o dia que não vive sem a noite,
E a noite que não vive sem o dia.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
OS LARGOS CAMINHOS DA IGNORÂNCIA
Cervantes, era assim que se chamava!
Perguntou-lhe, quase desinteressado, movido pelo assanhamento da curiosidade, se ele sabia de onde virá o seu nome.
O jovem atirou-lhe uns olhos moribundos, cansados em seus 18 longos anos de vida, brilho opaco, entupidos de droga e álcool em demasia, na face repousava uma feição cretina e miserável, um sorriso estúpido. Respondeu-lhe:
- Eu não... Quem pôs esse nome doido em mim foi meu pai... Aquele louco...
E riu, sem qualquer fundamento, como se rir fosse a coisa mais natural a se fazer naquele instante em que exibia a ignorância em todas as suas formas de manifestação, em seu total esplendor.
O homem voltou-lhe as costas, desanimado pensava com seus grandes botões de farda.
“ A maior de todas as tragédias da humanidade é, sem duvidas, a ignorância!”
E a vida seguiu seu curso para ambos...
domingo, 25 de outubro de 2009
CAFÉ QUENTE NA MADRUGADA FRIA
Olhava os presos, a cadeia estava silenciosa, fechada, a cadeia dormia.
Olhava os pombos que pousavam para comer os restos de comida atirados ao pátio, a noite ainda sobrevivia, a vida começa cedo para estas aves.
Olhava para os ratos e os ratos o olhavam fixamente, ameaçadoramente, duelos de olhares na fria madrugada.
Somos todos bichos na cadeia, pensou. Alguns, selvagens; outros, na coleira; uns terceiros, domesticados. Somos todos bichos neste lugar frio e enlouquecido, bichos misturados a outros bichos pestilentos.
Estava tudo muito quieto, a tristeza esparramava seu silêncio adiposo por todos os lugares da cadeia insensível. Por que a alegria não gosta do silêncio? Questionou-se sem encontrar resposta plausível.
Em algum lugar, um rádio tocava uma canção tristonha. Mais um lamento na fria madrugada encarcerada. Um colega assobiava em seu posto, um assobio longo construído de lamúrias. Uma luz apagava-se e acendia-se de forma frenética, um balé intermitente para exultar estas tristezas que vem não se sabe de onde?
Aonde a alegria esconde-se quando o silêncio impera?
Alguém, de repente, aparece com uma xícara de café quente. Sorri. Serve-se de um gole generoso, doce, ardente, que desce acariciando sua garganta com dedos de veludo. Veludo negro. São tão valiosas estas pequenas carícias que nos são presenteadas pela vida neste lugar, aprendemos a valorizar isto aqui com profundidade. A felicidade está mesmo nas pequenas coisas, pensa, comemorando Cecília Meirelles.
Sorri novamente, com maior prazer, descobertas e café são grandes estímulos.
Sente o cheiro da bebida, delicada e ao mesmo tempo, poderosa. Sorve mais um gole quente, o frio espanta-se fugitivo do calor que a bebida proporciona. A felicidade vestida em cheiros e sabores. Este é um gole demorado, está mais atento, satisfeito, sensível aos estímulos da vida e da cadeia.
Repentinamente, algo dentro de si desperta e sente-se invadir por uma alegria súbita e indescritível.
Sorri novamente, o sorriso dos justos, das pessoas felizes, daqueles que se flagram em paz consigo mesmo. A alegria transcende as questões de tempo e espaço, pensa. Pode a cadeia aprisionar nossos sonhos?
Pega a xícara fumegante e olha algo demorado para o céu, seus olhos brilham, o coração regozijado: “À Sua saúde, meu Pai!” E toma tranqüilo seu café quente na fria madrugada da cadeia.
A alegria, pensa, vive dentro da gente.... E toma um último gole com satisfação profunda!
O PODER SUPREMO DO AMOR
Uma noite qualquer.
Um desejo absoluto.
Bocas se buscando freneticamente.
Mãos ousando toques
Cada vez mais profundos.
Nos olhos, o brilho vívido da paixão.
Os corpos entrelaçados, unidos,
Enrredados como a um único.
Difícil definir homem.
Difícil definir mulher.
Somente amor...
Somente o amor com o poder supremo:
Transformar dois em um só!
sábado, 24 de outubro de 2009
À POESIA QUE NÃO FOI ESCRITA
Houve um tempo que fui melhor com as palavras.
Escrevia melhor...
Falava melhor...
Hoje perdi esse dom, não sei...
Ele ficou preso na masmorra de algum dia esquecido.
Nas noites, que é o momento que sento para escrever,
Fico parado olhando para algum ponto,
(Para ponto nenhum),
Esperando que a fada criatividade trabalhe,
Que a Santa Inspiração me traga algum texto,
Palavras para que eu possa dedicá-las,
(todas elas!) a você,
Neste grande altar que é o nosso amor.
Mas, não consigo... Não consigo...
Maldita impossibilidade!
A lágrima que derramo por isto,
Faz-me fraco e não me traz alento.
Não procuro compaixão,
Quer de lágrimas, quer de pessoas...
Quero um texto para ti oferecer, meu amor!
Será ele meu presente maior para ti!
Perdoe-me então, mon amour!
Perdoe este poeta fracassado que não consegue compor.
As letras me abandonaram à própria sorte,
A poesia está emburrada comigo.
Mas quero que saibas que,
Ainda que não verbalize ou escreva o sentimento
Que arde dentro de meu peito por você,
Não quer dizer que eu não o sinta.
Eu te amo!
E isto é mais poderoso que a minha
Impossibilidade de escrever-lhe poesias!
Não repare, portanto, os poemas que não escrevo.
Volte seus olhos para meu coração e meus olhos
E veja nele... Veja neles...
Toda a poesia que está represada dentro de mim!
Poesia!
Poesia por ti... Por ti... Por ti...
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
NOITE!
Agora é noite!
E de noite enchi meus dias todos!
Os vesti,
Os paramentei,
Os perfumei, todos eles, de noite!
Na noite eu encontrei um espelho,
E nele me vi refletido!
Vi meu coração sorridente,
Minha personalidade,
Vi minha poesia brilhando
Feito estrela no céu negro.
Na noite vi refletida minha paixão,
E minha paixão ergueu-se
Como um obelisco dentro da noite,
Um totem a homenageá-la!
Eu amo a noite!
Sou parte dela.
Ela é meu elemento,
Meu melhor pensamento,
Meu mágico momento,
E, quando mergulho dentro dela,
Viajo para dentro de mim...
Agora é noite...
... E, se de noite
Enchi meus dias todos...
Exulto!
Comemoro!
Regozijo!
Eu me encontrei!
Foto: Olhares.com
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