sábado, 30 de outubro de 2010

LÍBELO AO REBANHO


Ficaram eles todos, pelos cantos, escondidos,
Amuados, inertes, esquecidos de tudo e de todos,
Compromissados somente com seus interesses
Que, na grande verdade, não eram nenhum!
Covardes, eis o que são!
Vosso sentimento é o de rebanho,
São como gado que pastoreia a sol aberto,
Satisfeitos como porcos de barriga cheia,
Confortáveis como repteis ao banho de sol.
Oh! Gente inútil e miserável,
Sua pequenez somente não é menor
Que sua pouca ambição pela qualidade e excelência.
Cuspo em vossas faces!
Chuto vossa complacência, vossa inércia,
Vosso ócio fétido,
Vossa preguiça endógena e desleal.
Rezo para não ser jamais como vós.
Não quero residir em vossas ilhas de sossego,
Sempre estéreis, desérticas,
Cheias de teia de aranha e a poeira de vossa pasmaceira.
Nunca serão importantes de verdade,
O sucesso e o aplauso sempre lhes serão estranhos.
Vossa utilidade sempre estará na quantidade,
No fazer número, em encher a platéia
Para que outros brilhem.
São, oh rebanho, como gado para abatedouro!
Quero estar com os outros!
Os explosivos, os agitados, os desequilibrados,
Os estressados, os nervosos, os malucos,
Assim chamados por vós!
As vitórias são destes!
As conquistas são destes!
A liderança será sempre destes!
São estes poucos que
Fazem a vida acontecer e
O destino do coletivo e do rebanho
(que são vós!)
Será definido por eles.
À vós, oh rebanho!
Caberá seguir os desequilibrados,
Estes notáveis malucos que tem a coragem
De fazer as coisas acontecerem.
Vossa ousadia natimorta, oh rebanho,
Sempre lhe impedirá de ser algo mais
Do que nascestes para ser,
Agora e sempre...


Nada!!!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

AO NOVO DIA QUE NASCE!



Acordem meninas, acordem!
Eis que o alvorecer depôs
A coruja caçadora
Que parou de piar lá fora...
Agora!
O novo soberano é a cotovia,
(A mesma que encantou Shakeaspeare!)
É ela, que anuncia o novo dia!




Acordem meninas, acordem!
São finitos todos os sonhos
Que se construíram na madrugada,
Apresenta-se o grande começo
De toda a realidade medonha
Que ao nosso querer é estranha...




Retirem de seus corações a poesia,
Estampem em seus belos rostos
Os mais belos sorrisos,
Afaguem estes cabelos soltos e
Saiam para as avenidas
Saudando o novo dia com aleluias!
A vida recomeça meninas,
Em todo o seu esplendor!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SOBRE O SILÊNCIO... E O SOM


Meu amor, quero o silêncio por alguns instantes...



Quero essa tranquilidade para sorver a paixão em pequenos cálices. Teu amor, minha querida, bebê-lo-ei em goles mínimos ainda que minha sede de ti seja corrosiva, teu amor me ensinou a controlar esta fera, teu amor me dedicou o equilíbrio.



Quero o silêncio, meu amor, para que tenha o sossego exato, a calma necessária para estimular minha sensibilidade e buscar você aonde você melhor vive em mim – em todas as coisas que me cercam, que me interessam!



Quero o silêncio, meu amor, quero o silêncio...
... para perceber nas rosas do jardim, seu cheiro!
... para sentir sua pele na derme da seda mais preciosa.
... para maravilhar-me com seu sorriso no primeiro raio de dia que escapa do sol.
... para ouvir sua música no canto dos pássaros.
... para ler sua poesia na natureza.
... para escutar seu sangue correndo em suas veias, caudaloso, no vislumbre da cascata de águas cristalinas.



Quero o silêncio, meu amor, quero o silêncio...
... para percebê-la ao meu redor, em mim mesmo e em tudo que pouse meus olhos ávidos de você.
... para calar meu corpo que vibra, grita, chora saudades e desejos de você. Pelo silêncio calarei meus instintos mais selvagens e abrirei uma porta para que possa vê-la pelos olhos de meu sentimento.



Venhas, meu amor, venhas então com a ganância de querer amar sem medidas, sem controles, sem folgas, sem tempo no tempo, porque encontrarás em mim um homem pronto para você – sou fera, sua fera domesticada.



E, nesta hora suprema, não quero mais o silêncio, quero nosso amor sendo feito ao som de milhares de beijos e abraços.



Que o silêncio faça sua parte, em sua ausência, mas, contigo presente... Meu amor, com tua linda e mágica presença que me venha todo o furor e os sons intensos do caos da paixão...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

DOIS...


De noite, ele deixou-se levar...




Não me perguntes o que é maior nesta madrugada....
Se as saudades ou os desejos de voce....
Não saberia responder....




Ela, distante e atenta, respondeu:




Nada é maior que meus sentimentos por voce...
Nada pode ser maior!
Porque deles nascem as saudades e os desejos!
Envio-lhe todos os meus beijos numa suave brisa!




E, onde ele estava, fechou os olhos
E sentiu a brisa que vinha de longe... de longe...
E, recebeu os beijos, todos eles, um a um, nos seus lábios sedentos...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

POEMA ORIGINAL


De tudo o que vem de ti
Eu já sei quase tudo,
E o que não sei,
Suspeito e estou receptivo
Para aprender e conhecer.
Não tens mais saída, meu amor!
Sou tua benção,
E sou todas as maldições.
Sei o que pensas
Quando dás o primeiro sorriso,
Sei exatamente onde tocar
Para arrancar de teu corpo
O arrepio mais prolongado,
Meu beijo... Meu beijo...
Deixa teu peito ofegante
E aprecio toda a música
Que vem das notas do seu
Coração descompassado.
Teu olhar perdido
Querendo encontrar a razão
Em meio as minhas carícias mais
Delicadas e atrevidas,
Sei que pede socorro
Sei que deseja mais... mais...
Isso me encanta... me dá forças...
Eu te conheço, meu amor,
Sei de todos os seus sonhos,
Sei o que deseja
E como deseja,
E entrego todos os seus prazeres
Embrulhados neste pacote
Másculo e apaixonado.
Sou homem, meu amor,
Teu homem, e sabes disso,
E gostas disso!
Sabes que comigo nunca haverá
Retornos e saídas de emergência.
A queda em mim é para sempre,
Sou um poço sem fundo.
Sou intensidade,
Sou como sangue quente nas veias,
Sou o brilho no olhar da fera que mata,
Sou sempre como o último gozo.
Não conheço a mediocridade,
Sou feito do mesmo barro
Que moldou Adão
E te fiz da minha costela.
És a minha Eva...
Minha!!!
Num paraíso todo particular,
Onde a serpente
Assiste de camarote, domesticada.


Não tens mais saída, meu amor!
Se correres deste amor,
Ele te alcança.
Se ficares, ele te abraça tão forte
Que esqueces de ser você...
Benção e maldição, lembra-se?
Apaixonei-me por ti,
E te dou tudo o que tenho
E tudo o que tenho não é pouco
Porque tudo o que sou,
Tudo o que possuo,
Tudo o que desejo,
Tem sua origem em você,


Minha deliciosa Eva!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O BAÚ DE MEMÓRIAS IMPRESTÁVEIS


Foi um impulso estranho e repentino que nasceu no primeiro segundo e concretizou-se no átimo de tempo seguinte, sem fermentações, sem receios, sem purgatórios, sem nada. No estalar dos dedos, no piscar dos olhos, no vão de uma inspirada e uma expirada de ar quente esse desejo intrometeu-se em minha vida e realizou-se, parto natural.
Sei e somente sei que abri o velho baú de memórias e atirei para fora toda a imundície, tudo o que não prestava, todos os farrapos com que se vestiam meus pensamentos que nasceram para ser nobres. Mas boas intenções somente não bastam! Os pensamentos precisam ter sangue azul, maledicências e futilidades são andrajos que condenam para uma existência estúpida e pobre todos os pensamentos que pretendem ser sublimes – oh! Nobreza, qualidade rara e esquecida!
Quanta quinquilharia e cretinice se ajuntou.... Incrível a capacidade humana de guardar o que não precisa ser guardado, de conservar o imprestável, de crer que tecidos pervertidos emprestarão novas faces para os pensamentos no amanhã.
Joguei as velhas roupas de ressentimentos, os cintos iracundos, um velho roupão tecido com uma raiva muito antiga, alguns lenços de maledicência e um belo paletó de futilidades, molhei toda esta pilha mórbida com um perfume cuja essência era extraída do mais rico dos óleos da vaidade e pronto, uma belíssima fogueira, cheirosa é verdade, mas negra como a treva.
Lavei o baú, limpei-o com decência e o purifiquei com generosidade e bondade, ele ficou lá, em seu canto, feliz, pronto para guardar novas descobertas e experiências.

... De repente...
... De repente...

Quando mal tinha começado a viver, surpreendo-me!
O baú está cheio novamente...

Mesmo com algumas limpezas no velho baú de memórias inúteis, aprendi que sua assepsia é importante, mas, a mais fundamental das limpezas se faz no coração...
Recomecei a limpeza, desta vez sabendo que caminho seguir! Quero ser bom novamente e este pensamento, definitivamente, me faz nobre!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

CRUNCH... A NOITE... CRUNCH...


Enfiado dentro da noite, quando todos os sonhos jaziam adormecidos fui assaltado pela insônia revolvendo minha consciência com uma grande colher de pau. Levantei-me, olhei o relógio e o olho do tempo sorriu-me zombeteiramente, quase 4 horas, a madrugada estendia seu esquálido corpo e engalfinhou-me num abraço azedo.

Peguei um pacote de bolachas de chocolate, já que era para ficar acordado que o fosse com algum prazer valioso, não estava em meus planos fitar a cara horrenda dessa megera insônia madrugada adentro.

Fui para um canto qualquer desse mundo tentar colocar no lugar certo todos os pensamentos revolvidos intempestivamente pela bruxa. Mordiscava a bolacha escura e, para algum anjo desatento, acreditaria que eu mordia a própria carne da noite...

Crunch... noite... Crunch... noite...

Ah! Que bela és tu, noite!
Olhei para a tua face negra e seu olho fixou-se em mim.
Já fomos amantes, noite, fervorosos amantes, lá atrás, quando o vigor da mocidade corria pelas minhas veias, oxigenando desejos, plantando sonhos, e quando saia para as ruas para dançar contigo pelas curvas da madrugada trajando um velho All Star e a calça branca LEE, comia um lanche na velha esquina da Brasil com a Vargas sentado num banquinho de madeira onde, antes de mim, tantos outros enamorados ousaram estar, desafiando a sorte para estar próximo a ti.

Sei que tu me escolhias noite... Sei que tu me desejavas... Porque ninguém te conquista de verdade, tu é que escolhes teus amantes, minha querida!

E ninguém sentia teu corpo como eu o sentia, eu te entendia em tua essência e tua essência bebericava em pequenos goles até atingir um singular estado de embriaguez lírica. Nesse momento, tu se deitavas para mim mansamente e tranqüila, abria tuas pernas num gesto suave e amoroso e me recebia de braços abertos convidando-me para o amor e o fazer amor.

E eu ia até tu, como discípulo e como beato, como homem e como macho, era um poeta que deitava-se com você joeirando sonhos, pescando palavras para costurá-las em versos e recitá-los todos aos cochichos com minha boca encostada aos teus ouvidos mais atentos, oh formosa musa!

Crunch... noite... Crunch... Noite....

Sorrio ao olhar para teu grande olho e ver o contraste do perfil da insônia contra ele, essa feiticeira estúpida, que foge gritando maldições para os quatro cantos, esta vez não fostes voce megera... não fostes voce... desta vez, linda vez, foi a noite que me tomou em seus braços...

Levanto-me, jogo a roupa para um lado e caminho nu ao teu encontro noite, recitando antigas e novas poesias... receba-me noite, agora como antes... como antes... agora, como antes...


Ilustração: Autoria Francisco Gonçalves (Recolhida a esmo na net)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

SONETO DO CORAÇÃO ARDILOSO

Me escondo atrás de paredes irreais,
Belas cortinas penduro em janelas virtuais.
Todo o Solar emoldurado com belos vitrais,
Cortinas na sala, brinquedos nos quintais.

 
Ah! Doce fantasia que criei para me animar,
O coração é um órgão difícil de explicar.
Tanto te amei, não lhe tinha, não me querias,
Agora me queres, te tenho, não te amo mais!

 
Crio então estas diversas ilusões sensuais,
Vivo este amor que me entristece demais,
Um amor de mentira, engodo, hipocrisia salaz.

 
Coração, Solar enganoso, por quem me tomais?
Às mentiras de amor me obrigais, me enviais?
Será que amá-la de novo, jamais serei capaz?