sexta-feira, 28 de maio de 2010

POR TODA A POESIA QUE TE FAÇO

Já te fiz um milhão de poesias...
Poesias que falam de tudo...
Do dia e da noite,
Do toque e do arrepio da pele,
Do sorriso e da lágrima
(tanto a tua, quanto a minha!),
Poesias que são mais voce
Do que eu próprio.
Pode parecer prolixo
Escrever-te mais poesias.
Posso parecer um lobo
Uivando seus lamentos de amor
Para a mesma lua sempre,
Dentro de uma madrugada fria e solitária.
Posso ser o chato,
O exagerado.
Posso ser poeta,
Ou um bufão que arrasta
Mediocridades líricas
Tentando te impressionar.
Tudo isso nada me vale.
Todos os conceitos
(bons ou ruins)
Não me importam.
Importa-me, de verdade,
Fazer-te poesia!
Preciso, preciso, fazer-te poesia!
Não vivo sem amor
E meu amor respira
Pela poesia que dedico a você!
Por isso...
Não me castigue...
Não me critique...
Voce ou quem quer que seja...
É mais que um querer,
É um estado de necessidade,
É a minha sobrevivência!
Deixe-me viver!
Deixe-me amar!
Deixe-me fazer poesia...
Para você...
Para todo o sempre!

terça-feira, 25 de maio de 2010

AINDA OUSO SONHAR...


Às vezes, eu insisto em sonhar,
Quando os sonhos não me vêm...
Eu insisto em sonhar...


Se sonho com cascatas, lembro de seus cabelos caindo...
Se sonho com neve, lembro da cor da sua pele...
Se sonho com rosas, lembro da maciez de seu corpo...
Se sonho com jardins, lembro de seu cheiro...
Se sonho com veludos, lembro dos seus lábios...
Se sonho com estrelas, lembro dos seus olhos...


É sempre assim, desse mesmo jeito,
Quando os sonhos não me vêm...
Eu insisto em sonhar...




Porque se não sonho, não sou mais eu.
Minha individualidade é tão pequena e louca
Dentro de uma realidade que despreza você.
Prefiro sonhar, sonhar, sonhar muito,
Pois sonhar contigo me faz grandioso.
Meus sonhos te trazem para mim,
E você é tudo o que desejo,
Tudo o que me dá esperanças,
Tudo aquilo pelo que estou apaixonado.




Oh! Eu insisto em sonhar,
Quando os sonhos não me vêm...
Eu insisto em sonhar...




Sonho de noite, dentro da madrugada,
Sonho de dia, dentro de um improviso,
Sonho compassado, sonho planejado,
Sonho querendo, sonho sem querer,
Sonho sozinho, sonho sem mesmo perceber,
E, mesmo quando não sonho,
Eu insisto em sonhar...
Eu insisto em sonhar...


... com voce!
... com você!
... com voce!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

UM TEXTO INVENTADO

Existem momentos, doces momentos, que me deixo levar numa viagem tão maravilhosa que ela, por sí só, já enche o meu peito de alegria. Gosto de partir nestas caminhadas sem rumo, sem destino, viagens tão longas e profundas e, ao mesmo tempo, não precisam sequer de um passo, mas, que deixam em mim marcas tão indissolúveis que irão acompanhar-me para todo o sempre.

São mergulhos introspectivos buscando me conhecer, querendo me reconhecer, esquadrinhando as muitas lições e percalços que a vida me deu (e trouxe), remexendo a sabedoria que ficou encalhada nos sedimentos do leito de minhas experiências.

E tudo o que tenho desejado nos últimos tempos, não são mais bocados de inteligência, ou agregar-me cultura farta e diversificada, ou, ainda, cultuar a esperteza dos lobos – quero a sabedoria dos mestres, dos homens que sabem viver com o pouco que a vida lhes deu e que conseguem ser felizes tirando o máximo deste mínimo.

Dia desses, numa dessas viagens, visitei minha infância e revi o garoto feliz que fui. Vi-me chutando bola de meia, brincando de pega no meio da poeira, pezinho nu no chão de areia, a boca suja de fruta colhida no pé, calção pequeno e já gasto, o sorriso gravado com o fogo da felicidade na face da criança.

Percebi que nesta época tinha muito menos do que tenho hoje, e era muito mais feliz do que sou atualmente. Isso me dá uma lição de vida incrivel, pois testemunha com fé que a felicidade não está mesmo nas coisas que se conquista e que se acumula por este caminho cravejado de pedras preciosas falsas; a felicidade está dentro da gente, naquilo que somos, que pensamos, que queremos, que desejamos, que cultuamos para nossa vida, que foi fabricado junto com o mesmo barro que nos construiu.

Digo adeus à idolatria moderna que é profetizada por uma sociedade que está contaminada de valores mundanos e medíocres.

Resgato a fantástica capacidade de ser feliz com a simplicidade, com o olhar à frente e ter a convicção de que tudo o que quero no dia seguinte, é estar ao lado de quem amo para inventarmos qualquer nova brincadeira – tudo o que quero é trazer de volta a capacidade de brincar... brincar... sem eletrônica ou maiores sofisticações!

Este texto, acreditem, não nasceu para ser filosófico. Não quis que ele ficasse acenando lições de felicidade e verdades que são minhas – cada um tem a sua verdade e meu espelho colocado na frente do rosto de todos os outros, provavelmente, não terá a capacidade de refletir sua face em um espelho que é somente meu. Minha verdade é meu espelho.

O que queria quando comecei era contar uma velha história infantil de quando vi a primeira dentadura, e do terror que senti quando ela foi retirada da boca do seu dono deixando-a macilenta, murcha, completamente sem vida, os dentes brancos sorridentes arreganhados para mim num riso bizarro e afogados dentro de um grande copo d’água. Puro horror senti... Nunca soube até então que os dentes poderiam ser artificiais, encaixáveis, e demorei muito para entender o que se passava...

A verdade é que me deixei levar por outros caminhos que não programei para este texto, a vontade original era apenas encantá-los com esta história da dentadura...

Provavelmente deixei-me dominar pelo Gilberto curumim que fui um dia e, voces devem se lembrar das gurias e guris que também já o foram, e, portanto, sabem bem, crianças nunca programam nada, elas se ajuntam e inventam.

Exte é meu texto inventado, se encanta ou não encanta são outros méritos que escapam ao meu controle ainda que ele possuir esta capacidade flerta intimamente com meu desejo.

Não vou cair de joelhos rogando para que o texto que escrevi tenha a capacidade de fazer-lhes suspirar poesia por seus olhos doces e sensíveis. Louvo, isto sim, para que ele retire de dentro de voces as crianças que foram um dia, nem que seja por um momento dentro do tempo de adulto – se conseguir isto, duas coisas acontecerão, com certeza: a primeira, voces entenderão o que sinto agora ao lembrar-me de minha infância e do guri que fui; e, segundo, perdoarão-me por ter me desviado de meus propósitos sinceros originais e esquecido de contar da história da dentadura – as crianças, sempre perdoam...


Foto: Thayz Mendes

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O INSTANTE MÁGICO

Os homens cantaram louvores ao Senhor. 

Os cânticos saíram desafinados, mas, para a fé, não importa a qualidade dos cantores e sim a paixão do cantar.

Um deles, olhos fechados, segurava a Bíblia Sagrada contra o peito, como se quisesse marcar com fogo sagrado o nome de Jesus no coração. Outro cantava de joelhos, mãos para o alto, espalmadas, olhos cravados no teto escuro o olhar transcendendo. Outros dois, abraçados, seguiam o compasso da música, emocionados. O quinto, o mais novo na fé e, para ele, tudo ainda tinha o doce cheiro de novidade, cantava acompanhado de um hinário puído que lhe ensinava as trilhas e as rimas da bela canção. 

A música ganhou o ambiente e o barulho disperso e louco da grande quimera foi afugentado. Fez-se um silêncio solene e respeitoso onde o louvor se aninhou apascentando ouvidos e os corações dos brutos. Todos se acalmaram e, atentos, ouviram a canção que falava de promessas e boas novas. 

Foi um instante e não foi maior que um instante, mas neste lampejo, todos eles tiveram uma sincronia perfeita e estreita com a fé, e, pela fé, chegaram ao Divino. 

Por um instante que não foi mesmo maior que um instante, o lugar não era mais degradante, não havia mais tristezas, nem dor, nem sofrimento; o ódio aquietou-se num canto poeirento dos seus corações e, todos eles, elevaram uma prece ao céu, cada qual do seu jeito deformado, de sua maneira torta, com sua fé fragmentada e fraca, mas rezaram, agradecendo, pedindo, entregando a Deus num relâmpago de consciência e serenidade todo o pouco que tinham. 

Tão de repente quanto começou, os cinco homens encerraram seu louvor e retornaram para suas atividades rotineiras, estavam mais leves e contentes. Em volta deles, o encanto que construíram partiu-se e tudo voltou ao corriqueiro – as patifarias escaparam dos guetos e dos corações, cigarros e baseados foram acesos, alguém alimentou ainda mais seu coração com ódio por meio de um pensamento rasteiro e profano. 

A cadeia segura corpos e homens, mas não detém o pensamento sincero e a fé verdadeira. Ainda que tudo não durasse mais do que um miserável instante, no céu, aquele momento de redenção foi recolhido com júbilo pelos anjos...

sábado, 15 de maio de 2010

PEQUENO TEXTO PARA OS DIAS DE LOUCURA


Escrever, para mim, ultimamente, deixou de ser um ato lúdico para ser um exercício de dor. Ainda percebo algum lirismo em minha prosa e meu verso, mas ele vem sangrando, ele se desgarra das feridas abertas e espalha-se por todo o texto. Escrever é dor, é dor... é dor... é dor...

Porque eu mesmo não sou eu. Sou um mutante, sou um diferente, sou um ausente de mim mesmo, eu me esqueci dentro do espaço inconsciente que fica entre a razão e a loucura. Minha sensibilidade se solidificou dentro de um coração empedernido em um peito cheio de ressentimentos, ela foi esquecida e sua poeira se junta em dois generosos dedos por sobre minha consciência. Nada me acalenta, nada me apascenta, nada me tranqüiliza, sou o ultimo brilho do estopim aceso, sou o barril de pólvora pronto para explodir, eu sou o brilho no olhar da fera, eu sou o ultimo suspiro de esperança, sou ninguém e nada ao mesmo tempo agora, sou a revolução estúpida e todas as revoltas tolas, sou o beijo que quis ser dado e ficou prisioneiro dentro de um desejo que não se concluiu. Meus maiores pecados não foram os cometidos, e sim aqueles que ficaram esquecidos dentro de uma vontade covarde. Eu me perdi, sou um quase qualquer coisa feito de nobres matérias primas de idiotices.

Vêem os sorrisos, eu não estou entre eles.
Vêem as lágrimas, também não estou entre elas.

Minha dor é diferente, é sozinha, é amargurada, uma agonia que se constrói dentro de minha própria inércia, da impossibilidade que me dou de sofrer de verdade, como todos fazem. Minhas emoções são forjadas pela minha estupidez e burrice. Até nisso me faço diferente, minha expiação é solitária, minha tristeza tem a robustez de uma clausura ao qual eu próprio me submeti, uma clausura que sufoca minha liberdade e meu desejo real de ser feliz... Isto, meu maior pecado é não tentar, é não cair pelo caminho, é não tentar ser feliz do jeito que realmente quero, é não sangrar de verdade no altar dessa busca...

Então, como posso escrever o amor e a felicidade.... Se a dor me invade, me flecha por todos os lados de meu corpo?

Não escrevo o amor... Eu sou a dor... o amor em mim é apenas um intruso, um passageiro errante, um andarilho, alguém que passa, me olha levemente com uma sugestão adocicada e cheia de possibilidades, e, depois, se vai... sem deixar nada... sem levar nada... Eu vivo dentro desse vazio!

Escrever para mim tem sido um delirante exercício de dor... De dor... De dor...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O TELEFONEMA...


Ela sempre lhe fora um suspiro, uma sugestão, a fração de um sonho, a frase perfeita de uma poesia, um sentimento e uma possibilidade, um encanto – tudo tão lindo, tudo tão distante.

Ele nunca negou a verdade, nunca negou a possibilidade de que ela existia e que seus sonhos não eram tão somente sonhos de noites amalgamadas com suspiros poéticos e desejos de amor.

Mas, algumas crenças, ainda que fortes, ficam tão no fundo das pessoas e soterradas por tantos outros desejos, aflições e emoções que, acabam virando o eco de um grito poderoso. Os ecos estão sempre distantes, ainda que presentes, distantes...

Quando ela chegou montada num corcel alado e sua voz anunciou-se dentro de seu mundo pequeno e poético, o grito veio para a superfície, novamente, e junto com ele a crença que se paria de uma placenta de sonho para dentro de um regaço de realidade.

Ele ficou ali, abobalhado, ruminando poesias para serem ditas e que foram esquecidas ante a surpresa do momento. Foram poucas as palavras, o silêncio entre ambos foi até maior do que deveria ter sido, mas, ele a sentiu do outro lado, ouviu a sua respiração, escutou sua voz suave, sentiu a batida do seu coração; para ele, não perguntem como, pareceu sentir até mesmo o cheiro da pele dela, alva como o sol da alvorada.

E, quando ela se foi, deixou em sua vida a fragrância de uma nova possibilidade, deixou instalado um novo sonho:

Iriam se ver...

domingo, 9 de maio de 2010

MINHA POESIA, TUA POESIA...


Vedes, meu amor, que ainda floresce-me poesia
Em meio a esterilidade de todos os meus dias cinzas.
A vida não me tem sido fácil
E, confesso-me enfraquecido,
Abatido pelas contingências do cotidiano.


Mas, quando olho dentro de meu coração,
E nele te vejo refletida como se o órgão
Fosse um espelho e você uma inspiração radiante,
Sinto um acréscimo de ternura e paixão,
E a poesia viceja em mim, meu amor, vinda de você,
Fresca e saborosa como o pão do dia,
Límpida e cristalina como água da fonte,
Verde como a relva do campo,
Perfumada como os jardins de Nabucodonosor.


Nesse momento único e mágico,
Eu me torno especial e extraordinário,
Não sou mais apenas o homem que te ama,
Sou poeta pela força que desgarra de você!


Toda minha poesia é tua,
E tua é toda minha vida.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

QUANDO FAZEMOS AMOR...


Estamos frente a frente,
Não há como recuar...
(Ninguém quer!!!)

Ela tira a camiseta,
devagar e suave,
E me olha sorrindo,
Debochando do meu desejo.
O zíper da sua saia
Entoa uma canção
(que doce canção!)
e ao seu término,
a magia aparece!

Ela sorri, novamente,
Gosta de debochar
Do meu desejo.

Seu olhar encontra o meu,
Sugestivo,
Excitante,
A sua boca entreaberta,
Nenhuma palavra exclama.
Seus braços se abrem,
E ela deita-se na cama
(Venha! Venha!)
Num apelo amoroso
Muito sensual.

Num instante estou ao seu lado,
Ela é minha maestrina
Que nas notas da música,
A sua musica,
Leva-me a todo lugar!
Viajo ao céu,
pelo paraíso,
 por toda a terra.

Sua língua... Me estremece.
Seu toque... Me queima.
Seu beijo... Me despedaça.

Ah! Eu amo essa mulher
E a quero mais...
Mais...
Cada vez,
Sempre mais...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O GRITO DENTRO DA NOITE


Ouvi um grito na noite,
Na noite, ouvi um grito.
Desesperado,
Doído, sofrido.
Um grito dentro da noite.


Foi na madrugada,
Quando a noite sossegava,
Quando todos dormiam.
Fiquei atento, expectativa,
Ouvi um grito na noite.


Prestei mais atenção,
O grito dentro da noite.
Achei estranho,
Estranho sempre seria,
O grito bradava meu nome...


Mas não havia raiva,
Ódio ou rancor.
O grito que clamava meu nome,
O grito dentro da noite,
Chamava-me com amor...


Meu corpo arrepiou-se.
Não foi o frio da madrugada.
Entendi... Entendi...
Entendi o grito na noite,
Era você quem me gritava!



Subi o mais alto que pude.
Olhei dentro do olho da noite.
Enchi os pulmões e gritei.
Um grito dentro da noite.
Era seu nome que chamava.